Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou indícios de irregularidades contábeis praticadas pelos Correios com o objetivo de reduzir artificialmente o valor de uma dívida trabalhista bilionária. De acordo com a auditoria, a estatal diminuiu no balanço financeiro de 2023 o montante de um processo judicial de aproximadamente R$ 1 bilhão para apenas R$ 18.
As ações judiciais envolvem o pagamento do adicional de atividade de distribuição e coleta externa e do adicional de periculosidade a carteiros que utilizam motocicletas no exercício da função. Segundo a CGU, em fevereiro de 2024, os Correios promoveram a redução contábil ao alegar a possibilidade de compensação desses valores com créditos provenientes de outra ação judicial.
No entanto, o órgão de controle apontou que a compensação foi registrada antes de qualquer decisão definitiva do Judiciário, baseada apenas na expectativa de êxito futuro, prática que contraria as normas contábeis vigentes. Para a CGU, esse procedimento caracteriza uma tentativa de mascarar o real passivo da empresa.
Em nota, os Correios afirmaram que a operação não configura compensação indevida, mas sim uma revisão legítima das estimativas contábeis, realizada dentro dos critérios técnicos adotados pela empresa.
O relatório também chama atenção para a situação financeira da estatal. O Tesouro Nacional tornou-se avalista de um empréstimo de R$ 12 bilhões contratado pelos Correios junto a cinco instituições bancárias. Nos últimos dez anos, a empresa registrou prejuízo em cinco exercícios fiscais e, segundo projeções, o resultado negativo em 2025 pode chegar a R$ 10 bilhões.
As conclusões da CGU reforçam o alerta sobre a fragilidade financeira dos Correios e levantam questionamentos sobre a transparência na gestão contábil da estatal.



