O Atlético foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), nesta quarta-feira (27/11), a pagar uma multa de R$ 198 mil e a perder seis mandos de campo devido aos episódios de violência ocorridos na Arena MRV durante a final da Copa do Brasil. A punição inclui uma medida educativa: nas últimas três partidas da penalização, será permitida apenas a presença de mulheres, crianças até 16 anos, idosos acima de 60 anos e pessoas com deficiência.
Até o momento, o clube já disputou duas partidas com portões fechados, contra Botafogo e Juventude. Assim, deverá cumprir mais um jogo sem torcida e outros três seguindo o modelo educativo, mesmo que em outro estádio, já que a Arena MRV permanece interditada até novo julgamento do caso no Tribunal Pleno do STJD, previsto para esta quinta-feira (28).
Detalhes das acusações
A procuradoria do STJD apresentou seis denúncias contra o Atlético, envolvendo arremesso de objetos, bombas e lasers, tentativas de invasão, invasões efetivas e cantos homofóbicos por parte da torcida. Durante o julgamento, o procurador Felipe Corrêa argumentou que, por se tratar de um estádio moderno com avançados sistemas de segurança, o clube deveria ter identificado todos os responsáveis, o que não aconteceu.
Ele destacou também falhas na contenção de torcedores, incluindo o arremesso de gradis. Além disso, foi apontada reincidência do Atlético em casos semelhantes.
Defesa do Atlético
Representado pelo advogado Gustavo Henrique Caputo, o Atlético negou que a Arena MRV careça de infraestrutura adequada, enfatizando que o efetivo de segurança privada e policial foi reforçado no dia do jogo e que vários envolvidos foram identificados.
A defesa também contestou a interdição prévia do estádio, embora tenha reconhecido a gravidade de alguns atos, como o lançamento de bombas, ressaltando que o responsável foi preso e indiciado. Nesse sentido, solicitou a isenção de responsabilidade do clube, prevista no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), e defendeu a substituição das penas mais severas por multas ou a validação dos dois jogos já cumpridos como punição.
Decisão e penas aplicadas
O auditor Ramon Rocha acatou parcialmente os argumentos da defesa, afirmando que a Arena MRV possui a infraestrutura necessária, mas sugeriu a perda de seis mandos de campo, com conversão das três últimas partidas em uma medida educativa.
As multas foram definidas da seguinte forma:
- Arremesso de bombas: R$ 160 mil (R$ 40 mil por cada bomba).
- Utilização de laser: R$ 4 mil (R$ 2 mil por cada infração).
- Arremesso de objetos: R$ 10 mil.
- Lançamento de copos: R$ 4 mil (R$ 2 mil por cada caso).
- Cantos homofóbicos: R$ 20 mil.
Os auditores Renata Mendonça, Raoni Vita e o presidente Paulo Ceo concordaram com as penalidades.
Apesar da condenação, o Atlético poderá recorrer da decisão ao Tribunal Pleno do STJD. Por enquanto, as partidas com portões fechados têm ocorrido no estádio Independência.
Julgamento de Saravia
O lateral-direito Saravia, expulso nos minutos finais da partida contra o Flamengo, foi julgado no mesmo dia. Por ser réu primário, recebeu a pena mínima, convertida em advertência, evitando suspensão.