O papa Leão XIV aceitou a renúncia do bispo de Cádis, Rafael Zornoza, a qual havia apresentado há 15 meses ao completar a idade de aposentadoria dos prelados, embora a decisão chegue após as acusações de abusos sexuais a um menor quando estava no seminário de Getafe, cidade ao sul de Madri.
Em seu boletim deste sábado (22/11), o Vaticano comunicou a aceitação da renúncia por parte do papa, sem explicar os motivos da decisão, como é habitual.
Por enquanto, não foi nomeado um sucessor e foi designado como Administrador Apostólico o bispo auxiliar de Sevilha, Ramón Valdivia, segundo informou a Conferência Episcopal Espanhola.
Zornoza, como é obrigação para os prelados, colocou seu cargo à disposição do papa há 15 meses, ao completar 75 anos, mas até o momento e devido à chegada do novo pontífice, a renúncia não havia sido aceita, embora ficar por mais tempo na diocese seja algo bastante habitual enquanto se procura um substituto.
Apenas no final de setembro, Leão XIV elegeu seu sucessor como prefeito do Dicastério para os Bispos, o italiano Filippo Iannone, que tomou posse em 15 de outubro e é o responsável final por entregar a escolha e as renúncias dos prelados ao papa.
A publicação por parte do jornal El País da denúncia de abusos a um menor entre 1994 e o início dos anos 2000, quando Zornoza era sacerdote e dirigia o seminário da diocese madrilena de Getafe, e a notícia de que está sendo investigado, pode ter acelerado a decisão de Leão XIV.
O jornal informou que Zornoza estava sendo investigado há quatro meses pelo Dicastério da Doutrina da Fé por um suposto crime de abusos sexuais contra um menor quando era sacerdote nos anos 90.
O presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Luis Argüello, explicou esta semana que o papa estava informado do caso após uma reunião com ele antes da Assembleia Plenária e lembrou que a renúncia era prerrogativa do pontífice.
Por sua vez, Leão XIV declarou, ao responder a uma pergunta da imprensa na última terça-feira (18), que “é preciso permitir que a investigação continue” no Vaticano e, depois, dependendo da conclusão, virão “as consequências”.
Zornoza defendeu sua inocência e suspendeu “temporariamente” sua agenda para o esclarecimento dos fatos e para seguir o tratamento de um câncer agressivo do qual não havia informado previamente.
*EFE


