Os riscos de possíveis ataques cibernéticos mostram a importância da segurança da informação para as empresas e organizações nos dias de hoje. As ameaças virtuais preocupam, principalmente, o setor industrial. Na opinião do advogado e mestre em Gestão de Riscos e Inteligência Artificial da Universidade de Brasília (UnB), Frank Ned Santa Cruz, é importante compreender que não adotar medidas de segurança e proteção de dados pessoais pode afetar a competitividade, uma vez que esses sistemas ficam vulneráveis a ataques. “Eles podem ficar indisponíveis, os dados podem ser corrompidos, os dados podem ser vazados. Então, a indisponibilidade da infraestrutura, a não confiabilidade na segurança dos dados, afeta não só a imagem da empresa, mas também a sua cadeia produtiva”, ressalta.
Conforme o especialista, o mundo vive numa sociedade global de dados e sistemas críticos estão cada vez mais presentes, sendo acionados e controlados por meio da internet. “Nesse sentido, os cuidados com segurança, não só a segurança do perímetro dessas redes, mas também da segurança interna é uma ferramenta necessária e fundamental de apoio nos processos de reindustrialização”, avalia.
Evitar a inatividade da produção, para Cruz, é um fator-chave no setor industrial. Ele conta que organizações consideram um desafio conciliar a produtividade e proteção sem que uma afete a outra. “A cadeia produtiva é cada vez mais acompanhada e remotamente monitorada. Isso dá mais agilidade para intervenção em situação de crise, isso aumenta a produtividade, mas consequentemente precisa ter mecanismos de segurança”, destaca. De acordo com o advogado, existe um conjunto de revoluções acontecendo com inovação e transformação digital que envolvem não só a inteligência artificial, mas a Internet das Coisas (IoT), 5G e o big data. “Todos esses mecanismos, essas infraestruturas que permitem e apoiam a industrialização precisam também de camadas de segurança. Esse é um caminho, é um ciclo que a União Europeia, a China, o Japão e os países da Asia já estão na frente do Brasil nessas questões”, salienta.
Nesse processo de retomada da indústria, o advogado especializado em Direito Digital, Mario Paiva, diz que é preciso avaliar um elemento considerado fundamental: a cibersegurança. “A segurança das informações dos meios de produção podem colocar a indústria em um modo seguro, em um modo de confiança, e um modo de geração de empregos”. E acrescenta: “A partir da implementação da cibersegurança de uma forma correta, estaremos gerando empregos, postos de trabalho específicos e que podem resultar num aumento da produtividade, num aumento da segurança e no aumento da confiança daquelas pessoas que precisam investir na reindustrialização”, acredita.
Segundo Paiva, a cibersegurança “é extremamente importante para alavancar a economia e a atividade industrial”. “A verificação e a oportunidade de avançar com esses sistemas, de colocar a cibersegurança em implementação aqui no Brasil, é de extrema importância para o desenvolvimento, aproveitamento econômico e geração de empregos, além da competitividade internacional necessária para o desenvolvimento de uma economia globalizada. A cibersegurança tem um aspecto positivo em fomentar a reindustrialização e um papel primordial na evolução da sociedade tecnológica com segurança e confiabilidade”, detalha.
Frank Ned endossa ainda que o “Brasil precisa emplacar nas suas indústrias tecnologias já desenvolvidas e maduras e profissionais especializados em TI e segurança da informação”. “A indústria também pode apoiar a formação de novos profissionais por meio de parcerias acadêmicas e projetos de pesquisas para que se possa fomentar esse mercado de cibersegurnça, que existe não só no Brasil, mas no mundo”, completa.