A prova mais esperada do Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), costuma tirar o sono dos jovens, mas é, também, motivo de muita alegria para aqueles que alcançam uma boa pontuação. Ir bem na prova significa a possibilidade de ingressar no ensino superior em uma boa universidade federal. A redação, muitas vezes, é a vilã ou o passaporte dos alunos por ter grande peso na soma final das notas. Na Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, milhares de jovens, de diferentes localidades e regiões, se destacaram na redação.
Já no primeiro ano em que a Escola Estadual Nossa Senhora da Piedade, em Lagoa Formosa, implementou o Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI), a aluna Maria Paula Souza, de 18 anos, se destacou com 960 pontos na redação do Enem 2022. “No EMTI tínhamos mais horários de Português e Matemática e isso nos dava oportunidade de ter aulas focadas na redação. Além disso, com as matérias integradoras aproveitamos para fazer o preparatório para as questões do Enem. Apesar de saber que me preparei, bate um nervosismo e foi uma surpresa para mim”, conta Maria Paula, que tentará ingressar no curso de Ciências Contábeis em uma universidade federal.
Ana Maura Alves Ferreira, 18 anos, da Escola Estadual São Pio X, de São Gotardo, alcançou 980 pontos na redação da prova mais esperada do Brasil. Ela ressalta que procurou assistir bastante videoaulas como forma de acrescentar ao trabalho desenvolvido na escola. E durante a pandemia não deixou de se dedicar aos estudos. “A escola pública é muito subestimada e não possui o reconhecimento merecido. Apenas com a ajuda de professores eu consegui uma nota alta, isso deixa claro que os profissionais são excelentes e muito dedicados aos alunos”, lembra Ana Maura, do apoio pedagógico que teve.
Na Escola Estadual Bolivar de Freitas, em Curvelo, também dois estudantes alcançaram a nota de 960 pontos na redação. Algo em comum, eles se dedicaram à preparação ao Enem tendo que dividir o tempo com o trabalho.
“Foi muita dedicação e eu agradeço a minha professora de português que realizou trabalhos intensos conosco sobre estrutura e técnicas. Ela correu atrás e nos incentivou a darmos o máximo de nós, nos deu suporte”, ressaltou Kaylane Danielle Ferreira de Menezes, de 18 anos.
Esforço coletivo
Da mesma escola, Allan Fagundes Pereira, de 18 anos, ainda está se decidindo em qual curso ingressar. “Vários jovens pelo Brasil, assim como eu, não tiveram a oportunidade de fazer um cursinho ou ter acesso a aulas particulares de preparação ao Enem. No entanto, é inegável o acompanhamento e persistência que tivemos da nossa professora de Português. Ela foi a engrenagem que fez com que eu não desistisse”, pontuou Allan.
A professora citada é Idene Maria de Oliveira Santos, que está esbanjando alegria em ver seus alunos com notas tão boas. “Depois de dois anos de muitas dificuldades por causa da pandemia, fizemos um trabalho não só com a disciplina Português, mas com os demais professores das outras áreas, utilizando dos repertórios socioculturais e a estrutura da redação. Trabalhamos sistematicamente a leitura em conjunto. Também fizemos 15 dias de trabalhos intensos nas semanas que antecederam as provas e foi um trabalho frutífero”, contou a professora cheia de orgulho.
“Os alunos da escola pública são brilhantes, empenhados. Basta trabalhar e incentivá-los”.
Vale destacar que outros milhares de estudantes em todo o estado alcançaram pontuações iguais ou semelhantes aos citados no texto e a Secretaria de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) parabeniza a todos pela dedicação e deseja sucesso na vida acadêmica que se iniciará.
Nota mil
Como em todos os anos, as pontuações máximas na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são sempre muito festejadas por terem poucos estudantes no país que conseguem gabaritar.
Em Brasília, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) contabilizou 19 redações nota mil no Enem 2022. O tema foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”.
Já a região Sudeste teve seis estudantes com nota máxima. Entre eles está a mineira da cidade de João Pinheiro, Júlia Pinheiro Oliveira Couto, de 18 anos, que estudou na Escola Estadual Quintino Vargas a vida toda. Ela formou-se em 2021 e naquele ano já havia alcançado boas pontuações que a garantiu em duas universidades federais para o curso de Direito. Porém, resolveu estudar mais um ano para tentar Medicina e agora foi surpreendida com a nota máxima, mil pontos.
“O essencial é disciplina e foco, com certeza muitos concorrentes têm acesso a mais recursos. Mas com treino, estudo e seriedade tudo pode ser possível. Eu acordava e começava a estudar por volta das 6h e ia até 23h30, sempre acompanhada de intervalos de descanso e um tempo dedicado a atividades físicas, o que é fundamental”, conta Júlia. Com o resultado, ela diz estar vivendo uma experiência “surreal” pelo reconhecimento da família e dos demais moradores de João Pinheiro.