Com foco na repressão ao tráfico de animais silvestres, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), ao lado de ministérios públicos, polícias ambientais e órgãos de fiscalização de 11 estados brasileiros, participou da operação Libertas, deflagrada nesta quarta-feira (29/10). Em nove municípios mineiros, houve o cumprimento de 51 mandados de busca e apreensão, o resgate de 337 animais e, ainda, a prisão em flagrante de três pessoas.
As ordens judiciais em Minas foram executadas em Betim, Montes Claros, Almenara, Divisópolis, Juiz de Fora, São Miguel da Anta, Rio Pomba, Cataguases e Desterro de Melo. Entre os materiais apreendidos estão 18 celulares e 20 gaiolas.
“Por meio de comunicação de serviço muito bem fundamentada a PCMG obteve 41 mandados de busca e apreensão, com 39 alvos, e o resultado foi contundente. Entramos com 21 equipes, duas delas dando apoio apoio à Polícia Civil do Mato Grosso”, pontuou o delegado Pedro Ribeiro de Oliveira Sousa, titular da Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Contra a Fauna, ao mencionar o trabalho dos policiais civis mineiros.
Segundo o delegado, os crimes investigados incluem venda e receptação de animais, falsificação de selo público com relação às anilhas, maus-tratos a animais e a introdução de espécimes exóticas no país.
Âmbito nacional
Considerando os 11 estados, a operação mirou 84 alvos do tráfico de animais silvestres. A ação resultou na prisão de 19 pessoas, sendo 12 flagrantes, e na apreensão de 755 animais retirados ilegalmente da natureza, em sua maioria aves dos biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica – algumas ameaçadas de extinção – destinadas à venda em feiras clandestinas, pontos de comércio irregular e grupos em aplicativos de mensagem.
A operação é coordenada pela Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), por meio do Projeto Libertas, e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com apoio da Freeland Brasil e financiamento do Escritório de Assuntos Internacionais sobre Narcóticos e Aplicação de Lei dos Estados Unidos (INL).
Participaram os Ministérios Públicos, polícias Civil e Militar e órgãos de fiscalização dos estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Bahia.
Além do tráfico de animais silvestres, a operação também revelou a prática de outros crimes associados, como receptação, falsificação de documentos e sinais públicos, maus-tratos, organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo, entre outros.
Animais resgatados
Entre as espécies apreendidas, destacam-se trinca-ferros, papa-capins, azulões, canários-da-terra e curiós, além de exemplares de papagaios e araras, espécies ameaçadas de extinção segundo a lista nacional de fauna brasileira.
Os animais resgatados foram encaminhados a centros de reabilitação do Ibama e de órgãos estaduais, onde receberão cuidados veterinários. Sempre que possível, são devolvidos à natureza; os que não têm condições de sobrevivência permanecem em criadouros conservacionistas ou zoológicos autorizados.
Rota interestadual do tráfico
Dezenove mandados (17 de busca e dois de prisão preventiva) foram cumpridos nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia contra 13 pessoas suspeitas de fazerem parte de uma rede criminosa investigada pelo Ministério Público da Bahia (MPBA) no âmbito da segunda fase da Operação Fauna Protegida, integrada à Operação Libertas.
De acordo com as investigações, o núcleo que atuava entre Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro seria responsável pela comercialização ilegal de milhares de animais silvestres por ano. O grupo ainda utilizava métodos sofisticados de ocultação financeira, dificultando o rastreamento dos lucros ilícitos.
A investigação revelou ainda a estrutura da organização criminosa, dividida em quatro núcleos: captores, que retiravam os animais da natureza e os mantinham em condições precárias; transportadores, que os conduziam em situação de maus-tratos até os pontos de venda; operadores financeiros, responsáveis pela lavagem de dinheiro e sustentação do esquema; e receptadores, situados em capitais como Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, que revendiam os animais ou os adquiriam como símbolo de ostentação.
Balanço geral – Operação Libertas 2025:
- 11 estados: Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Bahia.
- 84 alvos.
- 19 pessoas presas, sendo 12 em flagrante – entre traficantes, receptadores e transportadores.
- 755 animais silvestres resgatados, a maior parte aves, além de répteis.
- Bens apreendidos: 37 aparelhos celulares, quatro armas de fogo, 1.230 munições, um veículo, 20 gaiolas, sete armadilhas, três transportadores e documentos falsos.
Balanço Minas Gerais – Operação Libertas:
- Municípios: Betim, Montes Claros, Almenara, Divisópolis, Juiz de Fora, São Miguel da Anta, Rio Pomba, Cataguases, Desterro de Melo.
- 39 alvos.
- Três pessoas presas em flagrante.
- 16 Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO) lavrados por crimes de menor potencial ofensivo.
- 337 animais resgatados: 313 aves, 16 répteis e oito mamíferos.
- Bens apreendidos: 18 celulares e 20 gaiolas.


