A mostra apresenta obras de artistas de diferentes regiões de Minas e vai levar heranças indígenas e afro-brasileiras para Itabira.
A exposição “Oriará – Arte e Educação em Movimento”, promovida pelo Memorial Minas Gerais Vale, retorna a Itabira durante a realização do 5º Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira. A mostra apresenta um recorte da exposição com obras de artistas negros e indígenas de diferentes regiões de Minas Gerais, convidando o público a refletir sobre temas como oralidade, território, linguagem, tecnologias e formas de bem viver. Oriará será realizada no hall de entrada da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), de 29 de outubro a 02 de novembro (quarta a domingo). A visitação acontece das 15h30 às 21h30, de quarta a sábado; no dia 2 de novembro (domingo), das 10h às 15h. O público poderá participar de visitas guiadas com monitor durante todo o período.
Oriará, parte do projeto Memorial Vale Itinerante, circulou por dez cidades mineiras a bordo de uma carreta de 15 metros adaptada para receber e exibir as obras.
“O Memorial Vale acumula em sua trajetória muitas experiências e práticas que privilegiam as tecnologias e as histórias dos povos originários e afro-brasileiros no território mineiro, como a exposição itinerante Africanidades e Mineiridades, ações com a aldeia indígena Katurãma dos povos Pataxó e Pataxó Hã hã Hãe, a instalação educativa Sementes da Diáspora, dentre outras. A exposição Oriará oferece uma oportunidade única de conhecer a produção artística contemporânea mineira e aprofundar o conhecimento sobre as culturas indígenas e afro-brasileiras”, explica Wagner Tameirão, gestor do Memorial Vale.
Conceito
Com curadoria do Programa Educativo do Memorial Vale, a mostra utiliza a arte como ferramenta de diálogo e encontro, buscando aproximar o público de perspectivas importantes sobre a história coletiva. Além de Itabira, “Oriará” já passou por Belo Horizonte, Congonhas, Jaíba, Curvelo, São Gonçalo do Rio Abaixo, Barão de Cocais, Brumadinho, Nova Lima, Belo Vale e já recebeu mais de 45 mil pessoas.
“Ori” é uma palavra que vem do Yorubá, cujo significado literal é cabeça. É raiz da palavra “Orixá”, que designa divindades africanas cultuadas nos territórios brasileiros. Pode-se considerar que “Ori” se refere a um orixá que vive dentro das nossas cabeças, manifestando-se como uma faísca de vida que nos habita. “Ará”, conforme o dicionário Tupi-Guarani, tem alguns significados: dia, sol, nascer, surgir, todo ser vivente, tempo. “Oriará” abre caminhos para a transmissão de conhecimentos e compartilhamento de ideias, voltando-se aos modos de vida e à própria presença dos povos indígenas e afrocentrados.
Para traduzir o conceito da exposição, a curadoria estabeleceu três eixos fundamentais: Cotidianos, com reflexões sobre o modo de viver e o meio em que se vive; (Re)Existências, com estratégias para viver e existir; e Futuros, com elaborações sobre um futuro abundante construído a partir da ancestralidade. Tais eixos representam distintos pontos de partida para as discussões e diálogos propostos, relativos à força e à importância das presenças indígenas e afro-brasileiras na sociedade.
Obras e artistas
A exposição “Oriará” apresenta um conjunto diversificado de obras que exploram diferentes linguagens e abordagens, conectando o público com as ricas heranças culturais presentes em Minas Gerais. Edgar Kanaykõ Xakriabá, indígena Xacriabá e mestre em Antropologia, utiliza a fotografia como ferramenta de expressão, compartilhando momentos de cuidado, jogos e cultos de seu povo. A obra Hemba (fotografia sobre tecido) tensiona preconceitos e visões enrijecidas sobre os povos indígenas, revelando a importância de seus territórios.
Froiid, artista multidisciplinar, aborda o cotidiano popular a partir dos jogos. A obra Os Petelecos são jogos de tabuleiro feitos com madeira e pregos, que, na obra do artista, assumem vários formatos. Por meio da arte de jogar, ele traz ao público um pouco da cultura periférica, de ruas e becos, dialogando fortemente com as heranças afro-indígenas do país.
Finalmente, o Varal dos Saberes é uma obra interativa que convida o público a refletir sobre os eixos curatoriais da exposição através de perguntas, imagens e um mapa digital com informações sobre a ocupação territorial de Minas Gerais por povos indígenas e comunidades quilombolas. Nesta obra, os eixos curatoriais se manifestam a partir de seis perguntas, em que a curadoria oferece um grupo de palavras e imagens de celebrações, alimentos e experiências relacionadas aos povos indígenas e quilombolas. 
Memorial Vale Itinerante
“Oriará – Arte e Educação em Movimento” integra uma etapa da renovação do Memorial Vale, que, enquanto realiza a revitalização de sua sede, continua com sua programação através do projeto Memorial Vale Itinerante. “Estamos levando a essência do Memorial para outros espaços, garantindo que o público continue a ter acesso às atividades culturais gratuitas e relevantes, enquanto são realizadas as intervenções de requalificação, como a criação de novas estruturas de acessibilidade e áreas para atender a multipúblicos, com o objetivo de valorizar ainda mais o prédio que abrigou a antiga Secretaria de Estado da Fazenda. Com exposições como esta, estamos cumprindo nosso papel de difundir conhecimento e promover experiências transformadoras”, afirma Wagner Tameirão, gestor do Memorial Vale.
Memorial Minas Gerais Vale
Um dos espaços culturais que integram o Instituto Cultural Vale, o Memorial Vale faz parte do complexo cultural Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. De 2010, ano de sua inauguração, até julho de 2024, o espaço recebeu mais de 1,5 milhão de pessoas. São mais de 3 mil eventos realizados, 106 exposições, quase 9 mil escolas e grupos atendidos e cerca de 240 mil pessoas recebidas em visitas mediadas.
Atualmente, o edifício-sede que abriga o espaço passa por obras de renovação para adotar uma nova estratégia de ocupação museográfica e infraestrutural. Criada a muitas mãos, a nova expografia permanente tem a curadoria de Isa Ferraz e Marcelo Macca e fará uma mistura inédita de obras de arte, objetos históricos e peças audiovisuais criadas especialmente para o Museu, propondo um diálogo entre o ontem, o hoje e o amanhã no qual o visitante é o protagonista.


