Neste 31 de maio, a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA) celebra quatro décadas de atuação ininterrupta na promoção da cultura itabirana e na preservação da memória de um dos maiores nomes da literatura brasileira. Instituída oficialmente em 1985, a Fundação nasceu da necessidade pulsante de um espaço dedicado às artes e à obra de Carlos Drummond de Andrade, poeta maior e filho ilustre de Itabira.
A FCCDA consolidou-se, ao longo dos anos, como um verdadeiro polo irradiador das tradições artístico-culturais de Minas Gerais, sendo referência na valorização da produção local e na formação de público para as diversas linguagens artísticas.

Quatro décadas de história e expansão
Embora tenha sido construída em 1982 como o então Centro Cultural de Itabira, a FCCDA foi oficialmente instituída em 1985 como Fundação Cultural de Itabira. Foi só mais tarde, em 1987, que recebeu o nome de Carlos Drummond de Andrade em justa homenagem. Desde então, a Fundação cresceu e ampliou suas estruturas, hoje responsáveis por preservar não apenas a obra do poeta, mas também o patrimônio cultural e afetivo da cidade.
A estrutura física da FCCDA vai muito além de sua sede no Centro Cultural. Fazem parte deste importante complexo cultural a Casa de Drummond, onde o poeta viveu parte da infância; o Memorial Carlos Drummond de Andrade, dedicado à sua trajetória literária e humana; a Fazenda do Pontal, que resgata a memória familiar e afetiva do escritor; a Casa do Brás, espaço voltado para a música; além das Bibliotecas Luiz Camilo de Oliveira Netto e Maria Julieta Drummond de Andrade, que cumprem relevante papel na democratização do acesso à leitura e à informação.
Patrimônio vivo e produção cultural
A FCCDA abriga corpos estáveis que são orgulho para Itabira: o Coral da FCCDA, o Grupo Folclórico Tumbaitá, a Orquestra de Câmara da Escola Livre de Música de Itabira (OCELMI) e o Programa Drummonzinhos, além do Projeto Tecitura e das visitas guiadas ao Museu de Território Caminhos Drummondianos, que conecta público e território através das palavras e caminhos do poeta.
Parte significativa das expressões artísticas fomentadas pela Fundação já ultrapassou fronteiras, sendo levada a palcos internacionais em países como Portugal, Espanha e Itália. Além disso, a FCCDA mantém aberto um canal permanente para os artistas locais apresentarem seus trabalhos, por meio de editais públicos como a Lei Drummond e o Fundo Municipal de Cultura.

O legado dos festivais e a força da tradição
A trajetória da FCCDA está diretamente ligada ao Festival de Inverno de Itabira, cuja primeira edição aconteceu em 1974, com assessoria da UFMG. O evento, que revelou à população local as principais manifestações culturais do país, impulsionou a criação da Fundação, atendendo ao anseio da sociedade por um espaço dedicado à cultura.
Ao longo de seus 50 anos, o Festival de Inverno de Itabira revelou e recebeu grandes nomes das artes. Intérpretes e compositores hoje consagrados, como Djavan, Oswaldo Montenegro, Jorge Mautner, João Bosco e Zizi Possi, se apresentaram no início de suas carreiras, especialmente pelo circuito universitário.
Na música local, talentos como Nandy Xavier, Newton Baiandeira, Genésio Reis, Joaquim Primo e Ana Cristina destacaram-se nos festivais.
O teatro e a dança também marcaram presença com nomes como Paulo Gracindo, Yara Amaral, Gianfrancesco Guarnieri, Armando Bogus, o Grupo Giramundo, o Ballet Stagium e o Grupo Corpo, compondo um rico legado artístico para Itabira e região.
Hoje, o Festival de Inverno é um dos marcos do calendário itabirano e completa 51 anos de realização ininterrupta. Todos os meses de julho, Itabira se transforma, respirando arte em espetáculos teatrais, musicais, oficinas, saraus, mostras, palestras e muito mais, fortalecendo a cultura como caminho para a cidadania.
Celebração ao longo do ano
A FCCDA celebrará seus 40 anos ao longo deste ano festivo, reforçando sua missão: abrir as portas para as mais diversas expressões artísticas, manter viva a memória de Drummond e continuar sendo um espaço essencial para a identidade cultural de Itabira e do Brasil.
“Celebrar os 40 anos da FCCDA é reconhecer a força da cultura como elemento fundamental da identidade itabirana. Como historiadora, sei que preservar e valorizar nossa memória é também construir o futuro. A Fundação é um espaço vivo, que acolhe artistas, promove tradições e mantém pulsante o legado de Drummond. Seguiremos celebrando este marco ao longo do ano, reforçando nosso compromisso com a cultura como instrumento de transformação social e afirmação da nossa história”, destacou a superintendente da FCCDA, Vanessa Faria.