Duas alunas de medicina se pronunciaram nesta semana após a repercussão de um vídeo nas redes sociais em que são acusadas de debochar do caso clínico de Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, paciente que havia passado por três transplantes de coração e um de rim. A jovem morreu em fevereiro deste ano, poucos dias após a publicação do conteúdo.
O vídeo, publicado no TikTok, gerou revolta ao mostrar uma das estudantes ironizando o histórico médico da paciente com a frase: “Ela pensa que tem sete vidas?”. A gravação chegou ao conhecimento da família de Vitória na última semana, o que motivou a abertura de um boletim de ocorrência e o acionamento do Ministério Público.
Em nota divulgada por seus advogados, as estudantes alegaram que o vídeo não teve intenção de expor ou desrespeitar a paciente. Segundo elas, a gravação buscava apenas demonstrar surpresa diante de um caso clínico discutido no ambiente de estágio, e afirmaram não saber a identidade da paciente no momento da filmagem.
Thaís Caldeira Soares Foffano, de 26 anos, é natural de Belo Horizonte e estudante do 9º período de Medicina na Faculdade de Saúde e Ecologia Humana (Faseh), onde a mensalidade é de R$ 12.442. Já Gabrielli Farias de Souza, de 23 anos, reside em Cotia (SP) e cursa medicina na Universidade Anhembi Morumbi, que cobra mensalidade de R$ 12.979.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o caso está sendo investigado como crime de injúria, sob responsabilidade do 14º Distrito Policial de Pinheiros.
Em entrevista ao portal do jornalista Hugo Gloss, Thaís disse estar abalada com as consequências da exposição e afirmou ser alvo de ataques: “Como fica a saúde mental de uma estudante que é vítima do ódio disseminado pela mídia?”, questionou.
Caso sejam condenadas, as alunas poderão responder por difamação e violência psicológica. As duas instituições de ensino emitiram notas lamentando o episódio e informaram que apuram internamente a conduta das alunas. “O caso relatado não reflete os princípios e valores da instituição”, declarou a Faseh.
Vitória Chaves da Silva foi diagnosticada com Anomalia de Ebstein, uma cardiopatia congênita rara que compromete a válvula do coração. Ela passou pelo primeiro transplante em 2005, o segundo em 2016 e o terceiro em 2024. Também realizou um transplante renal. A paciente morreu em 26 de fevereiro de 2025, em decorrência de choque séptico e insuficiência renal crônica.



