A perícia feita no carro da montadora BMW em que quatro jovens mineiros foram encontrados mortos em Balneário Camboriú, Santa Catarina, identificou uma desconexão entre o motor e o sistema de escapamento de gás do veículo. As vítimas moravam há cerca de um mês em Florianópolis e, antes disso, viveram em Paracatu, Noroeste de Minas Gerais.
A principal suspeita da Polícia Civil é de que as vítimas tenham morrido intoxicadas por monóxido de carbono que vazou do motor para o interior do carro. Elas permaneceram por mais de quatro horas dentro do veículo fechado, com o ar-condicionado ligado.
Ainda na segunda-feira (1º de janeiro), dia da fatalidade, o delegado Bruno Effori, da Polícia Civil, informou ter sido identificado “vazamento entre o motor e o painel do veículo, causando intoxicação e asfixia por monóxido de carbono nas quatro vítimas”.

As autoridades investigam a causa da desconexão entre o motor e o escapamento. Uma das principais hipóteses é que uma customização feita para aumentar o som do motor possa ter causado o problema.
Conforme o engenheiro mecânico Fernando Castro Pinto, da Coppe UFRJ, a customização para intensificar o som do motor não ocorre no local onde a perícia identificou a falha. No entanto, ele destaca que o problema pode ter surgido durante o processo de modificação.
“Essa alteração é feita mais atrás, no assoalho ou no fim do escapamento. Mas o que pode ter acontecido é que, ao fazer a customização, todo o sistema de escapamento pode ter sido retirado e depois recolocado. É possível que nessa recolocação tenha ficado mal encaixado, ou desencaixou durante o processo”, disse.

O professor da Coppe afirma, porém, que apenas a falha seria incapaz de causar a intoxicação. Ele diz que o fato dos quatro jovens terem ficado dentro do carro parado, com janelas fechadas e ar-condicionado ligado, contribuiu para o problema.
“Acidente nunca tem uma causa só. Essa folga pode existir e ninguém notar. Como ficaram parados, a captação do ar externo usou o ar que estava represado no cofre do motor. Foi possivelmente uma sequência de fatores que culminou com esse acidente fatal”, disse.

O caso
Quatro pessoas — Gustavo Pereira Silveira Elias, de 24 anos, Karla Aparecida dos Santos, de 19, Tiago de Lima Ribeiro, de 21, e Nicolas Kovaleski, de 16 anos — foram encontradas mortas dentro de um carro da montadora BMW que estava estacionado na rodoviária de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, na madrugada desta segunda-feira (1º), logo após a queima de fogos. As vítimas viveram em Paracatu, na região Noroeste de Minas Gerais.
Eles teriam ido à rodoviária buscar uma amiga — namorada de uma das vítimas —, que saiu de Minas Gerais para se encontrar com o grupo. Quando a moça chegou, ela encontrou os quatro passando mal. Estavam com ânsia de vômito e tontura.
A mulher conta que os amigos permaneceram dentro do carro, enquanto ela saiu para dar uma volta, esperando que eles melhorassem. Quando retornou, encontrou os quatro mortos. As vítimas teriam ficado cerca de quatro horas no carro, com o ar-condicionado ligado.
*Com FolhaPress