A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) ouve testemunhas e realiza diligências investigativas com o objetivo de localizar as duas fontes de Césio-137. que foram retiradas de dentro da planta industrial de mineração de uma mineradora no município de Nazareno (MG).
Por meio de nota, a PCMG afirmou ao Brasil 61 que foi instaurado um inquérito policial para apurar as circunstâncias, a motivação e a autoria de um possível furto de duas cápsulas contendo material Césio 137.
Alessandro Facure, diretor da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (DRS/CNEN), destaca que a CNEN está acompanhando o andamento das investigações.
“Para caso a fonte seja localizada, para que possamos atuar no recolhimento e na restituição desse material aos seus proprietários”, explica.
Césio-137
O diretor explica que o césio-137 é um isótopo radioativo que é empregado na construção de fontes radioativa, que são utilizadas na área médica ou em processos industriais — como era o caso da mineradora de Minas Gerais.
“Em Minas Gerais o césio era utilizado como parte de um dispositivo para medir a densidade de minério, mas ele também é utilizado na área médica para, por exemplo, irradiação de bolsas de sangue, ou na construção de fontes radioativas que servem para se fazer o controle de qualidade de detectores de radiação”, completa.
Alan Machado, professor de engenharia química do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), explica que caso manipulado de maneira inadequada, o césio-137 pode causar danos à saúde.
“A exposição ao césio-137 é altamente perigosa aos seres vivos, pois pode causar queimaduras, náuseas, problemas neurológicos, câncer e ainda pode levar à morte”, alerta.
Acidente com césio-137 em Goiânia
Em 1987, em Goiânia, dois catadores de lixo encontraram um aparelho de radioterapia em uma clínica abandonada. Eles venderam partes do aparelho a um ferro-velho e sem saber dos perigos as pessoas manusearam o Césio-137— um pó brilhante azul que se espalhou por várias partes da cidade.
Quando as pessoas começaram a adoecer, foi descoberto que a causa era a radiação do isótopo. Quatro pessoas morreram e centenas foram contaminadas. Grandes partes da cidade tiveram que ser limpas, um processo que custou milhões e levou anos. O acidente é considerado até hoje como o maior acidente radiológico ocorrido em uma área urbana — e o maior em termos de vítimas fora de uma usina nuclear.