Entre os e-mails utilizados por criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvidos no plano de atacar o ex-juiz Sergio Moro estava um com o endereço “lulalivre1063”, a informação consta na decisão da 9ª Vara Federal de Curitiba.
A juíza Gabriela Hardt listou 15 contas de e-mail que eram utilizadas pelo grupo. Segundo ela, os nomes variados escolhidos pelos criminosos foram feitos em contas de terceiros para se esquivarem das investigações policiais.
Foi possível chegar aos e-mails e números de telefones utilizados pelo bando após o depoimento da testemunha, um criminoso que saiu da facção e estava ameaçado de morte. Ele fez a denúncia do plano e forneceu as informações para que a Polícia Federal desvendasse o caso.
LULA LIVRE
A expressão “Lula livre” ficou famosa após a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018, depois que Sergio Moro, na época juiz federal, o condenou a mais de nove anos de prisão.
Os apoiadores do então ex-presidente repetiam a expressão demonstrando apoio à sua soltura, que só aconteceu 580 dias depois, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a prisão em segunda instância inconstitucional.
LISTA DE E-MAILS:

Em áudios, PCC e Marcola já fizeram referência ao PT
Elementos que indicam uma associação entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) sugiram desde 2019, segundo informações do site O Antagonista. O veículo destacou, inclusive, que a sigla tem trabalhado para se isentar de qualquer vínculo com a organização criminosa.
Ligações interceptadas, em 2019, pela Polícia Federal (PF), membros do PCC reclamaram da transferência de presos e xingaram Sergio Moro que, na época, era ministro da Justiça.
– Esse Moro aí, mano, esse cara é um m****. Ele [Moro] já começou [a atrapalhar] quando foi para cima do PT. Para você ver que com o PT, com nós a gente tinha diálogo. O PT nós tinha um diálogo cabuloso, mano – disse Alexsandro Roberto Pereira, também conhecido como Elias.
As ligações foram interceptadas como parte da Operação Cravada. Na época, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, apontou que se tratava de “mais uma armação e Moro”.
– Mais uma armação de Moro contra o PT. Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sergio Moro, para montar uma farsa judicial contra Lula com delações mentirosas e sem provas. Sergio Moro pare de usar a PF com finalidade política – escreveu Gleisi, no Twitter.
Fora isso, em junho de 2022, a Revista Crusoé reportou que a Polícia Civil de São Paulo tinha aberto um inquérito para investigar se o vereador Senival Moura, ex-líder do PT na Câmara de São Paulo, seria laranja do PCC no setor de transportes da capital paulista.
O site O Antagonista apontou ainda que o bandido Marcos Camacho, mais conhecido como Marcola, também já foi flagrado fazendo referência ao PT. Em outubro de 2022, áudios do criminoso indicavam conversa com o partido de Lula.
Em julho de 2022, a revista Veja publicou um trecho da delação premiada do empresário Marcos Valério na qual ele associou o PT ao PCC. O depoimento foi dado à Polícia Federal (PF).
Nesta quinta-feira (23), Lula colocou em xeque o trabalho da PF e disse que a Operação Sequaz, que desarticulou planos da facção criminosa PCC para atacar autoridades, é uma “armação” do senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Questionado sobre o assunto, durante visita ao Complexo Naval de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o petista se voltou contra o ex-juiz da Lava Jato.
– Eu não vou falar, porque acho que é mais uma armação do Moro, mas eu quero ser cauteloso. Eu vou descobrir o que aconteceu – prometeu Lula.
E continuou:
– É visível que é uma armação do Moro, mas eu vou pesquisar e vou saber porquê da sentença. Até fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele, mas isso a gente vai esperar. Eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Eu acho que é mais uma armação.
A fala de Lula foi em referência à juíza Gabriela Hardt, substituta de Moro na Justiça Federal do Paraná. Foi ela quem assinou os mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos pela PF nesta quarta (22), quando foi deflagrada a operação que desarticulou os planos contra o senador, sua família e também contra o promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya.