O número de mortes causadas pelo terremoto que destruiu a Turquia e a Síria passou de 33 mil na manhã deste domingo. Segundo os dados mais recentes divulgadas pelas autoridades locais, há ao menos 29.600 vítimas fatais na Turquia e 3.570 no território sírio – a quantidade de vidas perdidas deve escalar ainda mais, já que as equipes de resgate já identificaram mais corpos nos escombros.
Além disso, cerca de 93 mil pessoas estão feridas. Seis dias depois da tragédia, as buscas por sobreviventes seguem. O chefe humanitário da Organização das Nações Unidos (ONU), Martin Griffiths, estima, porém, que o número de mortos pode “dobrar ou mais”. “É realmente difícil estimar de forma muito precisa, porque você tem que chegar debaixo dos escombros, mas tenho certeza de que vai dobrar, ou mais”, afirmou à rede Sky News, na cidade turca de Kahramanmaras, perto do epicentro do terremoto. “Já lidamos com muitos conflitos no mundo todo, mas perder 20, 30, ou 40 mil pessoas em uma noite, não vemos isso nem nesses conflitos. É assustador”, acrescentou.
Griffiths também admitiu que a ONU “falhou com a população do noroeste da Síria”, uma das áreas mais duramente atingidas pelos terremotos que atingiram o país e que recebeu pouca ajuda humanitária até o momento. “Até agora, falhamos com o povo do noroeste da Síria. Eles têm razão ao se sentirem abandonados, à procura de ajuda internacional que ainda não chegou”, disse Griffiths na sua conta do Twitter.
“Meu dever e obrigação é corrigir este fracasso o mais rapidamente possível”, acrescentou. Desde o início das buscas por vítimas e sobreviventes, os Capacetes Brancos, um coletivo de socorristas voluntários que se tornaram conhecidos por resgates nas zonas controladas pelos rebeldes sírios, têm dito que não receberam ajuda da ONU nas áreas controladas pela oposição no noroeste da Síria, que são difíceis de alcançar porque só podem ser acessadas através de uma única passagem, Bab el Hawa, que liga a Turquia à província síria de Idlib. O líder do grupo de resgate, Raed Saleh, disse na sexta-feira, 10, que “a burocracia da ONU participou no massacre do povo sírio”.
O terremoto de magnitude 7,8 que abalou os dois países na segunda-feira, 6, foi o mais intenso na Turquia desde 1939, quando 33.000 pessoas morreram na província de Erzincan (leste). O abalo sísmico foi acompanhado por mais de 100 tremores secundários.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) soma 26 milhões de pessoas “potencialmente expostas”. Deste número, a OMS acredita que 5 milhões estejam em situação de vulnerabilidade. O órgão estima, ainda, que precisa arrecadar cerca de US$ 43 milhões para financiar necessidades imediatas de saúde. A ONU, por sua vez, estima que pelo menos 870 mil pessoas precisam de alimentos. Na Síria, segundo a entidade, 5,3 milhões ficaram desabrigadas.
“Na fronteira #Türkiye – #Syria hoje. Até agora, falhamos com as pessoas no noroeste da Síria. Eles se sentem abandonados com razão. Procurando ajuda internacional que não chegou. Meu dever e nossa obrigação é corrigir essa falha o mais rápido possível. Esse é o meu foco agora.”