Campanha para eleger representantes dos empregados tem início com inscrição de chapa única dos sindicatos, que concorre com outras 18 chapas de candidatos avulsos
Com 19 chapas já inscritas, com prazo final tendo encerrado nessa terça-feira (10/01), tem início em todas as unidades da mineradora Vale no país o processo de escolha dos representantes das trabalhadoras e trabalhadores no Conselho de Administração desta gigante multinacional brasileira de mineração.
Da escolha dos representantes, efetivo e suplente, pode participar qualquer um que se disponha a representar os trabalhadores dentro do quadro da empresa, com mais de 65 mil empregados nas minas, usinas de pelotização, portos e ferrovias.
Para a eleição deste ano, que ocorre entre 7 e 9 de fevereiro, pela primeira vez os 12 sindicatos do país que representam as diferentes categorias de empregados da Vale (mineiros, ferroviários, portuários) conseguiram se unir. E, por consenso, inscreveram uma chapa única.
A chapa sindical inscrita tem à frente o presidente do Sindicato Metabase de Itabira (MG), André Viana Madeira, juntamente com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Vale no Espírito Santo e em Minas Gerais (Sindfer ES/MG), Wagner Xavier.
É a de número 5 – e tem como dístico a União da Categoria, o que resume as propostas da chapa intersindical. E é a única chapa que tem representante de Itabira – e que promete pautar as suas principais reivindicações, com a necessidade de diversificar a sua economia e estabelecer uma nova base para o seu desenvolvimento sustentável.
Historicamente, desde que essa participação no conselho teve início em 2005, a eleição democrática dessa representação tem sido sempre de sindicalistas (efetivo e suplente), por representarem as diferentes categorias de trabalhadores em um conselho com 13 cadeiras – as outras são ocupadas por representantes dos acionistas majoritários e minoritários.
Unidade sindical
“Fizemos uma negociação e composição em torno de uma pauta comum, buscando a unidade sindical para fortalecer as nossas lutas comuns e específicas das diferentes categorias que representamos e dos territórios onde a empresa está instalada”, explica André Viana.
“Nas eleições anteriores, os sindicatos se dividiram, com o risco de ver eleito um candidato avulso ligado à direção da empresa e sem representatividade. Felizmente isso nunca ocorreu na Vale, mas já aconteceu na Petrobras, com prejuízos aos trabalhadores, que deixaram de ser representados no conselho administrativo da estatal”, conta.
Conquista
A representação dos empregados no Conselho Administrativo da Vale é uma conquista de todos os trabalhadores, que lutaram por esse direito por meio de seus sindicatos, o que é hoje válido para todas as grandes corporações, privadas e estatais.
O que começou como uma “concessão” das grandes corporações brasileiras, com a edição da Lei 10.303/2001, quando se admitiu essa participação de representantes dos empregados, foi somente a partir da promulgação, pelo então presidente Lula, da Lei 12.353, em 28 de dezembro de 2010, que a participação dos trabalhadores nos Conselhos de Administração se tornou obrigatória.
“É uma conquista que devemos valorizar cada vez mais, com a participação de um maior número de trabalhadores na eleição, para que a nossa representatividade seja ainda maior que nos anos anteriores”, defende André Viana. que já está em campanha por todo o país, juntamente com o seu companheiro de chapa, o ferroviário Wagner Xavier.
O sindicalista itabirano destaca que a representação das diferentes categorias de trabalhadores no Conselho de Administração é de grande relevância por ser o órgão máximo da definição das políticas e das diretrizes gerais da empresa, análise de planos e projetos estratégicos.
São políticas que podem atingir, positivamente e mesmo negativamente, os interesses dos trabalhadores e dos territórios onde a empresa opera as suas instalações de extração e processamento de minérios, assim como das ferrovias e portos.
“Os sindicatos, pela primeira vez, estão unidos para garantir os direitos dos trabalhadores. Sem isso, a divisão só beneficiaria a empresa e os interesses dos acionistas”, defende o presidente do Sindfer, Wagner Xavier.
Unificação e defesa dos territórios
André Viana entende que com a unificação, as diferentes categorias estarão em melhores condições para encaminharem as negociações dos acordos coletivos anuais, com a firme defesa das pautas comuns e específicas. “Sem isso, a empresa joga com a nossa divisão, enfraquecendo nossas lutas e diluindo as nossas conquistas”, advoga.
Outra pauta importante que os sindicalistas defendem diz respeito aos interesses dos territórios ocupados pelas atividades da mineradora, sejam nas minas, nos portos e por toda as cidades cortadas pelas ferrovias.
“Como trabalhadores somos parte da sociedade. E tudo que é de interesse dessa coletividade nos diz respeito e lutaremos para que seja respeitado. Defenderemos as melhores propostas que possam melhorar as condições de trabalho e a segurança de trabalhadores e das comunidades, inclusive para as que vivem sob o impacto das barragens”, exemplifica.
Segundo ele, sobretudo em Minas Gerais onde a mineração da Vale teve início, de forma mais premente em Itabira, as cidades mineradas vivem o fantasma das iminentes exaustões de suas minas.
“Precisamos nos unir também em torno dessas pautas, por um novo modelo de mineração sustentável, que respeite o meio ambiente e as comunidades em seus territórios, contribuindo com projetos concretos para diversificar as suas bases econômicas”, enfatiza o sindicalista itabirano, que defende um novo modelo de mineração, sustentável, democrático e inclusivo.
“Só assim as cidades mineradas conseguirão ser sustentáveis após a exaustão. Essa é também outra de nossas bandeiras que vamos defender no Conselho de Administração da Vale”, compromete-se André Viana, ao propor dar continuidade ao que já vem fazendo junto ao órgão máximo deliberativo dessa importante multinacional brasileira.