“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim (…)”.
A ausência de Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987), há 35 anos, é, bem como ele escreveu, um estar presente. Vivo e a iluminar a cultura brasileira. O consagrado autor mineiro de Itabira deixou um legado de 50 livros de poesias, crônicas, contos e ensaios que o tornaram um dos principais escritores da história do Brasil.
Para ler, ver e até ouvir as obras e olhares do escritor, o acervo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) dispõe de conteúdos que são verdadeiras relíquias, como é o caso de uma entrevista que ele concedeu a Maria Muniz, na década de 1950, que foi trazida a público agora em 2022. Na entrevista, ele recita poesias como Poema das Sete Faces, Confidência do Itabirano, Infância, Caso do Vestido, O Mito, Caso Pluvioso, Desaparecimento de Luísa Porto, Pombo-Correio, e Canção da Moça-Fantasma de Belo Horizonte.
Em Infância, por exemplo, ouça Drummond declamando: “(…)Lá longe meu pai campeava/ no mato sem fim da fazenda./ E eu não sabia que minha história/ era mais bonita que a de Robinson Crusoé”.
Ouça acima rara entrevista de Carlos Drummond de Andrade
O poeta na rádio
Carlos Drummond de Andrade fez parte da vida da Rádio MEC desde 1936, quando ele assistiu à cerimônia de doação da frequência da Rádio Sociedade, por Roquette-Pinto, para o poder público. Em 1954, a radialista Lya Cavalcanti ouviu Drummond e o conteúdo gerou uma série que tem narração, por exemplo, do ator Paulo César Pereio e da atriz Conceição Rios.
Os registros dão conta também que Drummond atuou na Rádio MEC, emissora em que foi redator e cronista na década de 1960.
Confira ainda edições especiais veiculadas na década de 1990 e também de 2015 na Antena MEC FM (quando teve a participação do neto do escritor, Pedro Drummond).
Veja Drummond
Na TV Brasil, a obra do autor foi homenageada há 10 anos no programa De Lá Pra Cá. Entre os entrevistados, que explicam como o autor é singular, estiveram o professor Eucanaã Ferraz, pesquisador de literatura brasileira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o poeta e editor da Cosac Naify, Carlito Azevedo, o poeta Armando Freitas Filho e a poetisa Claudia Roquette-Pinto.
O programa destacou a influência dos modernistas de 1922 na obra de Drummond. Os entrevistados identificam que o escritor produziu poesia simples e ao mesmo tempo grandiosa.
Confira abaixo a íntegra do programa