Especialista da Fundação são Francisco Xavier – FSFX explica que apesar de não ter cura, se diagnosticada precocemente e com o tratamento correto, a doença tem grandes chances de ser controlada e garantir aos pacientes melhor qualidade de vida
Com cerca de 2,8 milhões de casos no mundo e mais de 40 mil no Brasil, de acordo com a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, a esclerose múltipla é uma doença neurológica em que as células de defesa do organismo agridem o próprio sistema nervoso central. Para conscientizar sobre a doença, levar informações à população, o mês de agosto traz à tona a Campanha Agosto Laranja. Um dos objetivos do movimento é desmistificar a condição crônica da doença e incentivar o diagnóstico precoce na busca de mais qualidade de vida para quem convive com a doença.
Ao contrário do senso comum de que é uma doença de idosos, a esclerose múltipla pode acometer adultos jovens, principalmente mulheres entre 20 e 40 anos de idade. Depois de doenças neurológicas decorrentes de traumas de acidentes, a esclerose múltipla é a maior causa de incapacidade neurológica em adultos jovens.
“A Esclerose Múltipla ocorre por uma falha no sistema imunológico, em que as células de defesa do nosso corpo passam a atacar algumas regiões do cérebro, causando inflamações. Estas lesões afetam principalmente a bainha de mielina – uma capa protetora que reveste os neurônios, comprometendo o funcionamento normal do cérebro. A causa dessa falha é uma combinação de fatores genéticos e ambientais.”, explica o neurologista e neurofisiologista da Fundação São Francisco Xavier, Dr. Rafael Ferreira.
Os sintomas mais comuns são alterações na visão, na sensibilidade do corpo (formigamento ou falta de sensibilidade), no equilíbrio, no controle de esfíncteres e na força muscular dos membros com consequente redução na mobilidade ou locomoção.
Os portadores da doença também podem ter visão dupla (diplopia) ou embaçada, problemas motores (perda de força ou função, perda de equilíbrio, sensação de queimação, fadiga intensa, disfunção intestinal e da bexiga, entre outros).
Para o diagnóstico da esclerose múltipla são utilizados aspectos clínicos e de imagem, associado a análise do líquor cerebroespinhal. A Ressonância Magnética de crânio e coluna (medula espinhal) é a principal ferramenta para o diagnóstico das doenças desmielinizantes do Sistema Nervoso Central.
Tipos da doença
A forma mais comum da doença é a esclerose múltipla recorrente, que acomete cerca de 85% dos diagnosticados. Essa forma apresenta sinais ou sintomas novos ou agravados, seguidos de períodos de recuperação.
A esclerose múltipla primária progressiva é o tipo mais agressivo e acomete aproximadamente 15% dos pacientes. A forma mais debilitante é marcada por sintomas que se agravam de forma constante, sem recorrências ou períodos de remissão.
“Ainda não temos cura para a doença, mas há tratamentos capazes de evitar as incapacidades e sequelas causadas pela doença. Se agirmos rapidamente com o tratamento adequado, é possível o paciente ter uma vida normal, com poucas restrições e/ou limitações”, enfatiza o neurologista.
O médico explica que, assim como o câncer, os estudos para a esclerose múltipla estão bem evoluídos. “A notícia boa é que os tratamentos estão cada vez mais avançados. Atualmente, há diversas opções de medicamentos e a maioria é fornecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. Estes medicamentos são capazes de retardar a progressão ou até paralisar a doença. Comprimidos e injeções subcutâneas ou venosas podem ser administrados com eficiência”, conclui.