Em meio a um cenário de caos econômico, marcado pelo desemprego e pelo aumento do preço de serviços essenciais, como metrô e cesta básica, a renda média do mineiro, que precisa se desdobrar para colocar comida em casa, despencou.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento caiu de R$ 1.917 no primeiro trimestre do ano passado para R$ 1.868 no mesmo período desse ano. Entre os motivos, o aumento de desalentados, que desistem de procurar trabalho, a informalidade do mercado e o fato de as pessoas aceitarem cargos piores, com salários menores do que estavam acostumadas.

“O mercado formal por certo teve queda de renda média, mas porque pessoas que recebiam salários maiores foram substituídas por mão de obra barata. E como a renda média é gerada pela renda total dividida pelo número de trabalhadores, ela cai”, pondera o coordenador do curso de Economia do Ibmec, Márcio Salvato.

O fenômeno é motivado pela falta de perspectivas do trabalhador na área em que ele procura emprego. Como reflexo, ele aceita trabalhar em áreas com menos qualificações. O objetivo é colocar comida na mesa.
E o problema é que desviar desse cenário e emergir rumo a um ambiente economicamente saudável é tarefa árdua.“Estamos atravessando um processo de estagnação e recessão sérios. Não tem outro jeito. A atividade está baixa, e o governo tem restrições em fazer gastos, enquanto as empresas têm restrições orçamentárias”, diz o coordenador do curso Administração do Ibmec, Eduardo Coutinho. Sem investimentos, o dinheiro não gira e o desemprego continua.
“As pessoas não têm dinheiro. E quem tem não tem coragem de gastar”, resume o professor da PUC Minas Pedro Paulo Pettersen.