Em quase duas décadas, o aumento dos preços dos planos de saúde individuais e familiares acelerou num ritmo bem acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do Brasil. De 2000 a 2018, a inflação dos planos de saúde saltou 382% e o IPCA, 208%. A revelação é de um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Diante da disparidade de percentuais, milhares de brasileiros se viram obrigados a abrir mão do plano de saúde, e Minas Gerais não fugiu à regra. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a cartela de clientes mineiros das operadoras do setor despencou em quase meio milhão de pessoas apenas nos últimos cinco anos.

Para se ter ideia, em março de 2014, um total de 5.464.846 moradores do Estado tinham contrato com alguma operadora do setor. Em março deste ano, o número era de 5.012.438, ou seja, 452.308 clientes a menos.
“A saúde tem uma característica singular que provoca trajetória de custos crescentes acima da inflação. Isso ocorre em outros países também. Então, qual é a singularidade no caso do Brasil? Em primeiro caso, o tamanho da discrepância entre as curvas das séries históricas (da inflação oficial e dos reajustes nos planos de saúde)”, explica o economista. Ele lamenta o fato de o setor hospitalar privado no Brasil não ter preço regulado.
Em nota, a ANS questionou a metodologia usada na pesquisa do Ipea, classificando como “inadequadas” as comparações entre o índice teto de reajuste dos planos de saúde individuais e índices de preços ao consumidor, sejam eles gerais, como o IPCA, ou específicos.
A nota sustenta que “despesas com assistência à saúde variam tanto em razão de alterações no preço dos procedimentos (consultas, exames e internações), como em razão de alterações na quantidade e tipos de serviços utilizados” e que, “sendo assim, se entre um período e outro há aumento na realização de exames mais complexos, haverá aumento nas despesas assistenciais”.
A ANS citou como exemplo aumento no número de internações, ano a ano, de 2014 a 2017, o que causou “impacto para os custos setoriais não mensurável por índices de preços”.