Para um dos promotores que atua na força-tarefa que investiga o rompimento da barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a mineradora Vale utilizou a empresa alemã Tüv Süd – contratada para atestar a segurança da estrutura – para atrapalhar a atuação de órgãos de fiscalização e controle do setor e, também, a atuação do próprio Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A afirmação foi feita na última terça-feira (19) durante o Seminário da Associação dos Juízes do Brasil (Ajufe), realizado na capital mineira.
“A atuação foi determinante para dificultar a atividade dos órgaos de fiscalização e controle. Isso acontece a partir do momento em que essa multinacional atesta a segurança e corrompe todo o modelo brasileiro de certificação de segurança de barragens”, afirmou o promotor William Garcia Pinto, do MPMG de Brumadinho.

O promotor de Brumadinho lamentou a proporção do crime ambiental que atingiu sua cidade. “Posso afirmar como promotor da cidade que, nos 15 primeiros dias após o rompimento, eu não teve nem um dia que eu não tive informação de um velório de alguém próximo, conhecido da cidade. Muito além de um desastre ambiental, esse caso é um desastre humanitário e que Minas deve levar como lição para identificar quais tipos de corporação, empreendimento, modelo de fiscalização e empresa certificadora são importantes para o Brasil. A mineração todos sabem não deve ser demonizada, mas qual tipo de empreendedor nos queremos para o brasil e MG?”, concluiu.
A Vale disse que “ao contratar uma empresa de auditoria de renome internacional, como a Tüv Süd, que atua em mais de 50 países, a Vale esperava que os auditores dessa empresa tivessem responsabilidade técnica.
A empresa alemã Tüv Süd também se posicionou por nota e disse que prefere não comentar sobre as investigações. Afirmou somente que “imediatamente após o rompimento da barragem, iniciou uma investigação independente sobre o caso”.